quarta-feira, 27 de julho de 2011

Relembrando o estranho mundo de Another World

Another World. Ou, como ficou conhecido nos Estados Unidos, Out of This World.

Nunca houve um jogo como aquele. Na verdade, isso é uma afirmação quase literal. Another World foi a criação do desenvolvedor francês veterano Eric Chahi, que faz games desde 1983 e continua trabalhando com isso. Sua criação mais recente é From Dust.

Chahi não teve sucesso em seus primeiros anos criando games. Mas no fim dos anos 80 ele viu uma adaptação para PC do clássico Dragons’s Lair e teve uma ideia. Ele pensou que, em vez de animar um jogo quadro por quadro (o que consome muita memória), ele poderia usar vetores e ter quase o mesmo efeito com uma esforço muito menor. Então em 1989 ele decidiu fazer um projeto baseado nesse princípio.



Assim como Jordan Mechner fez com o Prince of Persia original, Chahi pegou uma câmera e filmou a si mesmo executando ações simples como correr, andar e e cair morto – a mais comum delas, como bem sabe quem jogou Another World. Com essas imagens editadas, ele usou seu sistema de vetores para transformá-las em animações digitais incrivelmente realistas que, apesar da sua fluidez, conseguiam rodar nos computadores relativamente primitivos do começo dos anos 90.

Isso resultou não só em animações fluidas e realistas durante o jogo, mas também em algumas da cutscenes mais impressionantes que o mundo dos games já havia visto, pelo menos na época. E isso inclui o vídeo de introdução, um dos melhores feitos até hoje.

O aspecto técnico do jogo era, portanto, revolucionário. Mas e o lado criativo? Talvez um pouco menos, mas sem deixar de ser inovador mesmo assim. Como um autor doido escrevendo à luz de velas, Chahi não sentou para “escrever” Another World. Ele começou a programar e teceu o roteiro do jogo ao mesmo tempo, tendo como único guia um desejo genérico de mexer com ficção científica.

O jogo contava a história de Lester, um físico que, enquanto trabalhava em um experimento durante uma tempestade de raios, sofreu um acidente e foi teletransportado para um planeta alienígena. Lá ele é quase comido, leva alguns tiros e foge de uma prisão com um amigo. A bordo de um pterodáctilo.

Isso pode ter soado tosco, mas é o que acontece quando um jogo é feito quase que por uma única pessoa. Você pode até cometer erros e deixar rebarbas, mas também consegue criar algo especial, algo que não existe mais em jogos baseados em grupos e desenvolvidos por centenas de pessoas. Na verdade, a única coisa que Chahi não fez foi a excelente trilha sonora. Ela foi composta por Jean-François Freitas.

Em termos de mecânica, Another World era um game de plataforma 2D, apesar de sua dificuldade absurda e lógica obscura para quebra-cabeças tê-lo transformado mais em um simulador de morte constante do que em qualquer outra coisa. Ele também era, infelizmente, muito curto e foi criticado por isso. Mas trata-se de algo até compreensível, dado o tamanho da equipe de produção.



Depois de quase dois anos de desenvolvimento, durante os quais Chahi acabou tendo que “economizar”, transformando fases em storyboards estáticos (só para poder terminar o jogo antes de enlouquecer), Another World foi lançado para Amiga em 1991, e foi muito elogiado. Ele recebeu outras versões para PC, SNES, Mega Drive, 3DO e, mais recentemente, para o Game Boy Advance e alguns telefones celulares.

O game ainda teve uma sequência chamada Heart of the Alien, na qual você jogava com Buddy, o alienígena amigo de Lester, mas Chahi não teve nenhum envolvimento no projeto. O jogo se inspirava em outro, chamado Flashback, que foi lançado pela Delphine, a mesma produtora de Another World.

CURIOSIDADE: Another World foi um dos primeiros jogos da história a eliminar as informações na tela (HUD: heds-up display). Não havia nada na tela: barra de vida, ícones, pontuações, NADA.

Fonte e texto: kotaku

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